sábado, 8 de outubro de 2011

Direitos Humanos

Nas suas resoluções 35/70 de 5 de Dezembro de 1975, e 50/107 de 20 de Dezembro de 1985, a Organização das Nações unidas, estabelece o dia 16 de Outubro, como o dia mundial da alimentação, e o dia 17 de Outubro, como o dia internacional da luta contra a pobreza.

Numa altura em que cada vez mais é urgente que os seres humanos sejam solidários uns com os outros, aqueles de nós que procuramos ser solidários, vivemos entre a satisfação de queremos fazer algos, e a frustração de não conseguirmos alcançar os objectivos a que nos propomos, porque aqueles que muitas vezes falam em solidariedade, são os primeiros a negar a sua participação quando esta lhe é solicitada.

O dia internacional de luta contra a pobreza, podia ser colocado em prática diariamente se em lugar de assistirmos ao desperdicio de colheitas sem escoamento, ou excedentes, puséssemos em prática os valores da solidariedade, e distribuissemos esses bens por instituições que procuram ajudar a minorar as sequelas da fome.

A ganância desenfreada daqueles que têm o suficiente e aqueles que nada têm, é muitas vezes factor de instabilidade nas nações e entre as mesmas.

Seria gratificante sermos membros das Nações Unidas se puséssemos em prática as resoluções acima citadas, fazendo com que houvesse mais justiça social nãop apenas em teoria, mas também na prática. Os dias e semanas que se celebram anualmente, fariam maior sentido

Nestas circunstancias poderiamos erguer bem alto a bandeira do humanismo e da solidariedade, não esquecendo que não é o que recebemos, mas aquilo que damos, que revela o valor da vida que vivemos

Retrospectiva

No Outono de 1967, era eu uma criança de 4 anos de idade que vivia junto à linha de caminhos de ferro na grande metrópole que é Lisboa. Às 15.30, o comboio partia do que era o Apeadeiro da Cruz da Pedra, rumo a Sintra, e eu fui puxado com a deslocação do ar, tendo sido atropelado por esse mesmo comboio. A minha ambulância entre o local do acidente e o hospital de Santa Maria, foi uma viatura com um pneu furado. Naquele hospital estive internado 3 meses, sendo que 15 dias foram em estado de coma, mas apesar de não estar bem, sentia-me mais feliz do que em casa.


Dois anos mais tarde um atropelamento na Estrada de Benfica, por uma carrinha, deu origem a uma pequena fractura na clavicula


Na Primavera de 1972, a falta de higiene, o frio, e as más condições de habitabilidade, deram origem ao Sarampo que por sua vez originou uma broncopneumonia que me levou a ficar internado no Hospital Curry Cabral onde depois de devidamente tratado e para meu desgosto, tive de voltar para casa.


A 12 de Maio de 1983, um atropelamento numa localidade a 20 quilometros para lá do Porto, levou-me até ao hospital de S. João do Porto, com posterior transferência para um hospital de Lisboa, onde o meu internamento foi rejeitado, tendo sido encaminhado do Hospital de Santa Maria, para o Hospital de S. José, tendo também sido recusado o internamento, tendo sido encaminhado para S. Lázaro igualmente sem exito, tendo sido remetido para o tugurio familiar. situação esta que deu origem a um contacto com a imprensa, cuja noticia publicada num vespertino de seu nome Diário Popular alertou o responsável pela pasta da saude, que deu indicações ao hospital de Santa Maria para que me fossem buscar a (casa)


A 23 de Novembro de 1990, quando exercia as minhas funções de ajudante num armazém de distribuição de produtos alimentares, uma queda de cerca de 3 metros de altura, além de me ter causado dores, também me causou o medo de poder ter piorado as consequencias do acidente que sofrera 8 anos antes. Esta queda e ausência de recuperação visivel, foram o suficiente para o meu internamento numa clinica nos arredores de Lisboa, onde após algumas semanas de repouso absoluto, alguma medicaçao e fisioterapia, pude recuperar e voltar ao meu local de trabalho.


Em Junho de 1991, sentindo dores na perna direita, a prescrição de exames médico revelavam que essas dores tinham origem nas próteses colocadas na mesma , e no osso que crescia por cima das mesmas. O médico prontificou-se a submeter-me a uma intervenção cirurgica no hospital de Abrantes, uma vez que o hospital de Santiago do Cacém não reunia as melhores condições para a referida intervenção. Assim, a 20 de Novembro desse ano de 1991, dei entrada naquele hospital, tendo sido operado dois dias depois, operação essa que apenas serviu para agravar o meu estado, fracturando-me mais uma vez a perna que supostamente deveria ter sido tratada.


Após uma semana de internamento para estabilização da fractura, fui transferido de novo para o hospital de Santiago do Cacém, onde 5 semanas não foram suficientes para a recuperação, tendo tido alta e levado pelos bombeiros para casa. A intervenção de uma fisioterapeuta exterior ao hopspital daquela cidade alentejana que me encaminhou para o Hospital Ortopédico do Outão, foi a forma encontrada para a minha recuperação, mas não foi o suficiente para poder voltar a exercer as funções que desempenhava, pelo que tive de procurar outro emprego mais compatível com as minhas capacidades fisicas, não tendo cruzado os braços.


O aparecimento de um quisto e a inexistência de meios adequados em Sines para o respectivo tratamento, foi o suficiente para eu ser encaminhado para o hospital de S. Bernardo em Setubal, no qual depois de várias consultas, chegou-se a conclusão que a melhor forma de tratar deste quisto, seria extrai-lo , o que implicava nova intervenção cirurgica.


Dei entrada naquela unidade de saude em 05-04-99 para a referida intervenção cuja recuperação foi rápida, e 2 dias depois voltei ao trabalho.


Entre 2000 e 2002, um nódulo com alguma dimensão, apareceu na minha coxa esquerda, e levou-me a consultar várias vezes o médico, mas os dois primeiros, além de não acertarem no diagnóstico, também não tiveram o cuidado de me recomendar exames clinicos, havendo ainda uma terceira consulta em que a profissional de saude, teve essa preocupação. Depois de concluidos os exames para determinar o tipo de nódulo, foi necessária mais uma intervenção cirurgica.


Esta foi realizada em 20-04-2002, mas não foi motivo para deixar de trabalhar pelo que depois de passar um fim de semana no hospital e com a devida autorização clinica, mais uma vez, a forma de ultrapassar esta fase, foi voltar ao trabalho, embora fosse necessário continuar a fazer o tratamento na zona operada, mas um erro de avaliação ou simples descuido num dos tratamentos, levou-me de novo ao hospital.


O diagnóstico após analise do nodulo, é que era um cancro grave que necessitou de uma excisão alargada em Julho desse ano, no hospital da especialidade


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

História de um Navio

Umanak, era um navio de 2319 toneladas e 89 metros de comprimento que foi construido na Dinamarca, e que inicialmente iria navegar nos mares da Gronelândia

A 15 de Outubro de 1970, este navio foi adquirido pela organização evangelica Operação Mobilização que o rebatizou com o nome de Logos que em grego significa Palavra.

Depois de algumas modificações a nivel estrutural, este navio foi transformado na primeira livraria flutuante do mundo. Após ter efectuado muitas viagens pelo mundo espalhando um mensagem de fé e amor, em Outubro de 1980, enquanto navegava nos mares do sul da China, a tripulação do Logos avistou um pequeno bote que transportava refugiados do Vietname, os quais foram recolhidos.

Uns dias depois foi avistado um segundo bote com mais refugiados em condições igualmente muitos frageis que também foram recolhidos, o que siginficou 90 pessoas a mais num navio que na altura tinha apenas capacidade para 140, mas estes seres humanos não foram deixados sem que houvesse um país de acolhimento

Depois de largos anos a espalhar uma mensagem de esperança , e quando nada o fazia prever, o inesperado aconteceu quando na noite de 4 para 5 de Janeirio de 1988, ás 23.56, enquanto navegava no estreito de magalhães, a sul da Argentina, aquele navio que outrora tinha contribuido para ajudar a salvar vidas, era sacudido por uma violenta tempestade na região onde navegava, que levou a que o navio fosse embater num rochedo oculto no Canal Beagle.

Independentemente do dever de entre ajuda entre o seres humanos, mais uma vez também se impunha a prática da solidariedade, e a coordenação entre a tripulação e a marinha chilena, foi fundamental no socorro ao navio sinistrado por forma a que a tripulação não sofresse danos ou perda de vidas

Desta forma, pelas 05.10 da madrugada de 5 de Janeiro, apesar da perda dos pertences da tripulação e do próprio navio, o mais importante é que foram salvas as vidas de todos os elementos que somavam 196 entre homens, mulheres e crianças

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Solidariedade



Em 1991, enquanto estava deitado na cama do Hospital de Santiago do Cacém com uma perna imobilizada, olhava no pequeno ecrâ televisivo as noticias cujas imagens aterradoras, deixavam o meu coração destroçado ao ver tanto sofrimento humano



Durante o tempo que estive internado naquele hospital, não deixei que o desânimo tomasse conta de mim, e pensei que quando estivesse melhor poderia levantar-me, enquanto muitos outros já não tinham mais essa possibilidade devido á incuria do homem. Desta forma pensei que talvez pudesse dar um pouco de mim mesmo, para que outros tivessem um pouco mais de conforto.



A solidariedade é hoje em muitos casos, usada para projectos que ficam apenas escritos num simples papel, não passando da teoria á prática, nem de boas intenções.



Assim, em Junho de 1992, coloquei alguns bens no velhinho carro que possuia na altura, e parti rumo á grande metropole para conhecer de perto as acções levadas a cabo pela Instituição Humanitária, Assistência Médica Internacional.



Foi desta forma que após ter tomado conhecimento das acções desenvolvidas por esta instituição, decidi ser a minha vez de me juntar a um punhado de seres humanos, e sabendo que muitos poucos fazem muito, comecei a contribuir com pequenos donativos, que junto com outros tinham ajuddo a AMI, a cumprir o propósito da sua existência.



A prática da solidariedade também é feita das acções daqueles que na retaguarda, dão o seu apoio a quem vai , porque ainda que esse apoio seja pequeno, a menor acção é melhor do que a intenção






Nostalgia



As saudades da zona onde vivi, trazem um sentimento de gratidão de gratidão para com aqueles cuas vidas e acções se reflectiam qual espelho na minha vida:



Sai de madrugada, numa manhã de Domingo em que o brilho do Sol se vislumbrava no horizonte



Depois de percorrer a estarda quase deserta, ficou para trás a distância entre o campo e a cidade. Os aglomerados de betão surgem ao longe, e depressa me emcontro na zona onde vivi.



Os velhos comboios que há muitos anos tinham deixado as suas marcas no meu frágil corpo de menino de rosto triste, já não circulavam.



A modesta casa onde cresci com violência, já não existia e as mudanças numa sociedade em constante transformação eram muitas.



Lançar um olhar de espanto sobre as mudanças ocorridas enquanto aqui e ali surgiam alguns amigos e conhecidos que outrora tinham contribuido com um sorriso e alguns concelhos para me afastarem das machas tenebrosas da vida.



Longe vão os tempos em que as subidas e descidas da etrada da vida, eram motivo da aproximação daqueles a quem hoje recordo com muito apreço e emoção e cujo rencontro de quando em vez, não deixa de ser gratificante



Os anos passaram e a criança que um dia fui, cresceu aos encontrões por dias noites madrugadas, até que um raio de Sol fez clarear o novo dia, e embora as manchas da violência e dor , façam a sua sombra constante, aquele menino de rosto triste, que percorreu as ditas subidas e descidas da estrada da vida, é hoje um vencedor porque em tempos idos, começou a acreditar que a fé que move montanhas, é o prémio daqueles que mudaram pequenas colinas

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Origem do Estimulo



Não tendo conseguido a realização dos meus sonhos, as várias possibilidades que tive de conviver com outras pessoas, de viajar e de fazer parte de equipas de voluntariado, bem como a leitura, entre outras situações, foram em certa medida a forma através da qual tenho vindo a adquirir conhecimentos uteis que me têm ajudado na minha dificil caminhada



Sobe mais alto quem ajuda o outro a subir



Um pescador disse que não é preciso pôr tampa num cesto para caranguejos, porque quando um começa a subir, os outros puxam-no para baixo



A razão porque certas pessoas não podem encontar oportunidades, é porque estas se mascaram de trabalho duro



O fracasso tem sido correctamente identificado como a linha da menor persistência



O eu gostaria nunca fez nada, o eu experimentarei fez grandes grandes coisas, mas o eu quero faz milagres.



Todos nós podemos fazer muito, mas é preciso que cada um faça a sua parte



As grandes caminhadas começam com um primeiro passo



Um problema é uma oportunidade para fazer o seu melhor



Li noticias sobre mulheres que deram á luz rapazes e raparigas, mas nunca li nada sobre mulheres que tenham dado á luz vencedores.



No entanto leio noticias sobre a morte de médicos advogados, vendedores, etc.



Dado que estes não "nascem" mas "morrem", obviamente entre o nascimento e a morte, por decisão e formação eles tornam-se naquilo que desejam ser



domingo, 2 de outubro de 2011

Curiosidades



Em 1978 de 13 de Julho a 1 de Agosto, fez escala em Portugal, um navio com o nome Grego de Doulos que significa servo ou servente. Este navio construido em 1914 era tripulado por trezentas pessoas oriundas de 35 países diferentes dos 5 continentes, todos voluntários, e transportava nos seus porões, cerca de 350 toneladas de livros para abastecimento da sua exposição de livros, aberta ao publico em cada porto que visistava.



Com 15 anos de idade, eu tive a oportunidade de colaborar como voluntário nas várias tarefas que existiam abordo, e podia ficar alojado no navio, no qual o tempo de reflexão, o estudo, o trabalho e o são convivio, com o intercâmbio de culturas, era a forma mais saudável de se conseguir partilhar o mesmo espaço cujo comprimento era de 130,5 metros.



No dia 25 de Dezembro de 1979, parti para a cidade de Lausanne, na Suiça, para um congresso europeu de cariz cristão, no qual participaram 6842 pessoas de mais de 26 paises e 11 linguas diferentes. Em 1986, 1989, e 1992, viajei para a cidade de Utrecht na Holanda para mais congressos nos quais eram debatidos assuntos vários, entre os quais as situações de guerra e calamidade vivida nas várias partes do mundo em que as carências eram de vária ordem inclusive espiritual, e qual o papel de os cristãos na ajuda aos mais desfavorecidos e vitimas inocentes.



Em 1984, ainda a recuperar de um grave acidente, ouvi falar que a organização Evangélica Mocidade para Cristo, iria formar um grupo coral de jovens cristãos. Pensei que não obstante a minhas limitações talvez pudesse dar o meu contributo, integrando aquele grupo coral, candidatando-me ás audições de voz, tendo a alegria de ser selecionado para fazer parte daquele coral. Durante um ano, tive a alegria de participar em concertos, de viajar e conhecer outras terras e outras gentes, e sobretudo de de aprender a crescer.



Em 1985, o navio Doulos faz de novo escala em Portugal, e mais uma vez eu tive a oportunidade de estar abordo. Durante algum tempo fiz parte da sua tripulação, viajando e dando a minha colaboração para que houvesse uma boa recepção aos visitantes que subiam abordo para visitar a maior exposição flutuante do mundo. Este navio que outrora tinha os nomes de Medina, Roma e Franca C, foi adquirido em 1977 pela organização cristã evangélica Operação Mobilização, que o transformou para servir o mundo, as suas diferentes culturas e mudar muitas vidas à volta do mesmo, entrou em 1992 para o livro de recordes do Guiness como o navio mais antigo que navegou durante 95 anos.



Em 1998, depois de me ter candidatado a voluntário na Exposição Mundial dos Oceanos, Expo 98, tive a alegria de ser selecionado entre muitos para mais uma vez dar o meu contributo neste evento de projecção internacional.



Inicialmente não tinha muita esperança em ser selecionado por não ter a formação exigida, mas como o resultado não invalida a acção, decidi inscrever-me porque acredito que a formação ao longo da vida também é importante. Esta foi mais uma oportunidade de convivio, de aprendizagem e de conhecer outros povos e culturas.

Opinião no Jornal Setúbal Mais