Este blog começa com os primeiros passos de um homem cujo percurso de vida se revela numa constante aprendizagem, e que procura transmitir valores e principios através daquilo que escreve
domingo, 25 de setembro de 2016
quarta-feira, 21 de setembro de 2016
Alusão ao Livro Entardecer
Entardecer
Não
é o que recebemos mas o que damos que revela o valor da vida que vivemos... é com estas palavras de dedicatória que o autor de
“Entardecer”, publicado em Fevº 2012, acaba de oferecer à Revista de Marinha, na
pessoa do seu diretor, esta pequena obra, genuina e despretensiosa, que merece
ser conhecida e lida por muitos.
Ao ser-me pedida uma recensão, não
posso deixar de dizer com toda a sinceridade e emoção, que este pequeno livro,
certamente merecedor de uma revisão cuidada, não pretende concorrer a nenhum
prémio literário, mas oferece, com toda a simplicidade, o retrato inspirador de
um homem, autodidata, lutador e heróico sobrevivente de uma vida que se revelou
adversa desde tenra infância.
Na verdade, com uma bonita e sugestiva
capa de um jovem que se faz ao mar, levando um barco pela mão, este livro
oferece-nos através de um personagem de seu nome Manuel, um retrato
auto-biografico de Américo da Silva Lourenço, que aos 48 anos olha para trás e
resolve passar ao papel factos reais, dolorosas recordações, mas também uma
mensagem de gratidão a todos quantos o ajudaram até aqui, na esperança de poder
ajudar outros leitores mais bafejados pela sorte, ou talvez com dificuldades
semelhantes e sem esperança.
Ao longo de toda a sua vida tem procurado
sobreviver, quase de forma sobrehumana, aos múltiplos traumas físicos e
psicológicos que o marcaram desde a infância. Nascido “sem berço” numa família
disfuncional, sem carinho familiar e sob grande violência verbal e física,
agravada pelo alcoolismo do pai, com profunda carência das mais elementares
condições materiais, para cúmulo de
infortúnio, foi vítima de acidentes gravíssimos e dolorosos : atropelamento por
um comboio aos 4 anos, a que se seguiram mais dois atropelamentos por automóvel
alguns anos mais tarde; na verdade, estes acidentes foram fruto da negligência
tão habitual em famílias que vivem em grande pobreza e onde por vezes, como foi
o caso, é a mãe quem sai de casa cedo e regressa bem tarde para sustentar as
bocas de todos. Como é possível imaginar, parte da sua vida tem sido passada em
camas de hospital, ao ritmo das várias dezenas de dolorosas operações e
tratamentos a que teve de se sujeitar, somando horas sem fim, semanas e meses
de intensa solidão, sofrimento e desamor...
Como foi possível sobreviver e ser hoje
um profissional de segurança no Porto de Sines?
É essa a parte mais bonita e comovente
desta pequena - grande obra!
Américo
Lourenço quer dar-nos a conhecer as suas âncoras de salvação : os transeuntes que
foi conhecendo e os amigos que foi fazendo e que o protegeram, vestiram,
alimentaram e socorreram em momentos mais trágicos ( entre os quais professores
que o acompanharam nos primeiros anos de dificuldades escolares); os “missionários”
da Igreja Evangélica que lhe ofereceram mensagens de esperança, o convidaram e
o levaram a uma igreja, alimentando o corpo e a alma com alimento material e
espiritual, e mais tarde lhe deram casa digna e trabalho; e por fim, o próprio navio
missionário ( da Igreja Evangélica alemã)
- a maior biblioteca ambulante, de seu nome DOULOS (palavra grega que
significa aquele que serve), onde
pôde embarcar como voluntário e tripulante por duas vezes e onde descobriu a
paixão pelo Mar e atividades marítimas ... a partir dos seus 15 anos.
Américo Lourenço é um homem bom,
corajoso e sensível – como o revela a sua poesia e os amigos aqui testemunham!
- com um sorriso quase de criança, sempre desejoso de aprender mais e ajudar os
outros. Podia ser um revoltado, um delinquente, um sem-abrigo, mais uma vítima
caída na berma lamacenta da estrada da vida, como tantos outros nascidos em melhores condições. Graças a Deus assim não
aconteceu, e por isso merece ser lido, conhecido e admirado. Como ele diz na introdução: Entardecer é uma alusão às coisas boas, que demasiado tarde
aconteceram na minha vida e mais
adiante ... escrever um livro (...) é
também a oportunidade que tenho de dar
um pouco de mim a outros(...). Obrigada, Américo Lourenço! Felicidades!
Um agradecimento também à Chiado
Editora por querer dar oportunidade aos mais simples dos “escritores”, ao
afirmar que ... um livro é um encontro entre duas pessoas através da
palavra escrita e dizendo-nos em letra pequenina logo no início ... o nosso desafio é merecer que este livro faça parte da sua vida. Ele acaba
de se tornar parte da minha! Muito obrigada.
O livro encontra-se à venda....tem o
custo de....Para mais informações, contactar....
F.F.
(4578)
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