quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Mais um artigo de Lucy Maciel


                            As crianças vão adorar. Encomende já em maciel.lucinda@gmail.com  

sábado, 12 de dezembro de 2020

Aos Sabor de Simpatias

 

Sejas quem fores, tenhas a opinião que tiveres, és um cidadão com deveres, mas também tens de ver garantidos os teus direitos. Não és obrigado a concordar com outros, mas isso não faz com que esses outros sejam teus inimigos, ou que tu sejas inimigo dos mesmos. Independentemente dos pressupostos aqui enunciados, as instituições a quem te dirigires tem a obrigação de te dar resposta. Foi solicitado um lugar delimitado para estacionar a minha viatura mais próximo da minha habitação, tendo em conta que tenho dificuldade de locomoção e já por duas vezes caí nas ruas com piso irregular e que tarda em ser reparado

A entidade a quem me dirigi, funciona ao sabor de simpatias e como não me revejo em determinadas posições ou pactuo com o oportunismo de alguns, passaram já quase dois meses e a prioridade tão apregoada para os direitos das pessoas com deficiência, fica bem evidente na resposta que ainda não chegou.

Lamentável........

 

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Testemunho Inspirador

 

Almirante Nuno Gonçalo Vieira Matias

 

            Nuno Gonçalo Vieira Matias faleceu a 13 de junho; nascera em Porto de Mós, em 9 de julho de 1939. Nasceu a algumas centenas de metros da casa onde terá nascido D. Fuas Roupinho, o primeiro Almirante Português.

            Ingressou na Escola Naval em 1958, no curso “Duarte Pacheco Pereira”, terminando em 1961.

            Entre 1961 e 63, o jovem 2º Ten. Vieira Matias fez uma comissão de serviço em Angola, como Oficial de guarnição da fragata N.R.P. VASCO DA GAMA. Nesta comissão, por diversas vezes, guarneceu uma lancha a motor com elementos da “força de desembarque”, patrulhando o rio Chiloango, que faz fronteira, em Cabinda.     

            Terminada esta comissão, regressou à Metrópole e especializou-se em artilharia, e depois, como fuzileiro especial.

            Comandou o Destacamento de Fuzileiros Especiais nº 13, na Guiné, entre abril de 1968 e janeiro de 1970. A maior parte da comissão foi passada na bacia do rio Cacheu, na base de Ganturé. Executou 35 operações e teve 32 contactos de fogo com o inimigo. Na operação GRANDE COLHEITA, em janeiro de 1969, no Sambuiá, capturou cerca de dez tons de armamento e munições, uma das maiores apreensões de material na Guerra do Ultramar! O DFE nº 13 causou 83 baixas ao inimigo, destruiu numerosos acampamentos e apreendeu ou destruiu 25 embarcações utilizadas pelo PAIGC nas suas cambanças. Contudo, sofreram quatro mortos e tiveram doze feridos em combate.

            Em 1970 foi nomeado para prestar serviço na Escola Naval, como Professor de Artilharia e, em acumulação, como Diretor do Laboratório de Explosivos da Marinha. Foi nesta situação que pela primeira vez me cruzei com o Almirante Vieira Matias, na altura 1º Ten., sendo eu um jovem 2º Ten., Instrutor de Cálculos Náuticos.

            Com a revolução do 25 de abril de 1974 e com o regresso das unidades de fuzileiros do Ultramar, a Força de Fuzileiros, no Alfeite, ganhou uma particular importância político-militar. O então jovem CTen. Vieira Matias comandou-a num período particularmente difícil, promovendo o regresso à normalidade.

            Seguiu-se uma comissão na área da Autoridade Marítima, como Capitão dos Portos de Portimão e de Lagos. No fim da década de setenta do século passado, pouco após o 25 de abril, não era fácil fazer cumprir a Lei no meio marítimo! Os pescadores e os armadores eram muitas vezes instrumentalizados por partidos políticos, e por mais de uma vez ameaçaram invadir as instalações da Capitania do Porto.

            Em 1981 o CFrag. Vieira Matias foi nomeado Comandante da fragata N.R.P. COMANDANTE JOÃO BELO, com a missão de levar pela primeira vez uma unidade naval daquela classe à STANAVFORLANT. Esta força naval permanente da NATO era composta por sete ou oito unidades do tipo fragata, uma proveniente de cada um dos países aliados aderentes. No âmbito operacional participava em numerosos exercícios e mostrava a solidariedade da Aliança nas escalas planeadas.  A integração da fragata JOÃO BELO em 1982 na STANAVFORLANT registou uma avaliação do Comandante da força muito positiva. Em 1983, quando a bordo da JOÃO BELO se planeava uma viagem de instrução de cadetes com um conjunto de escalas muito apetecíveis … foi de novo necessário integrar a STANAVFORLANT para completar o período da unidade portuguesa que lá estava, que sofrera um acidente. Mais uma excelente avaliação do Comandante da Força para a JOÃO BELO e para o seu Comandante!

            Vieira Matias desempenhou em seguida as exigentes funções de Chefe da Divisão de Operações do Estado-Maior da Armada (EMA). Nesse período, meados da década de oitenta do século passado, decorriam os estudos para a seleção de uma nova classe de fragatas, a que viria a ser a classe VASCO DA GAMA.

            Escolhido para frequentar o curso de promoção a Oficial General, foi nomeado para participar no Naval Command College, no Naval War College, em Newport, Rhode Island, nos EUA, no ano letivo de 1988 / 89. Terminado o curso, seguiu-se um período como Professor no Instituto Superior Naval de Guerra.

            Promovido a C/Alm. foi designado para o desempenho das funções de Sub-Chefe do Estado-Maior da Armada. Neste lugar, para além da coordenação geral do EMA, teve nas mãos o dossier da aquisição dos helicópteros que viriam a equipar a classe VASCO DA GAMA. Não foi fácil … pois existiam pressões para se adquirir um determinado helicóptero, que não era o da preferência da Marinha, mas, com persistência, acabaram por se adquirir no Reino Unido cinco unidades Lynx, que foram uma excelente escolha. A integração dos helicópteros na Marinha, a formação do pessoal e a construção das infraestruturas da Esquadrilha de Helicópteros foram questões muito importantes, na altura tratadas no EMA.

            Em 1990 cruzo-me de novo com o Alm. Vieira Matias. Fui então designado para Comandante do N.R.P. CORTE REAL, uma fragata da classe VASCO DA GAMA, ainda em construção. Ao partir para a Alemanha, fui-me despedir do então Sub-CEMA. Na conversa que tivemos, falou-me numa disposição que existe na Royal Navy, num “manual de manobra” para cada classe de navios, onde se recolhem as especificidades de reação às ordens para as máquinas e para o leme e à influência do vento nas manobras. Fiquei a pensar naquela sugestão e no fim da minha comissão a bordo, com o navegador, oficiais de quarto à ponte e engenheiros, registamos a experiência recolhida. O “manual de manobra” das fragatas da Classe VASCO DA GAMA suscitou interesse e foi replicado nas outras classes de navios. Nunca comentei este assunto com Vieira Matias, mas a génese destes documentos na nossa Marinha está na sugestão que então deu.

            Promovido a V/Alm., Vieira Matias foi designado Superintendente dos Serviços do Material, funções em que tutelava as Direções de Navios, Abastecimento, Infraestruturas e Transportes e na altura, também o Arsenal do Alfeite.

            Em 1995 foi nomeado para as funções de Comandante Naval, responsável pela atividade operacional da Armada, e, em acumulação, Comandante-em-Chefe da Área Ibero Atlântica, o comando NATO CINCIBERLANT então instalado em Oeiras.

            Nesta ocasião a minha carreira cruza-se de novo com a do Alm. Vieira Matias. Em 1994 fui designado Diretor do Centro de Instrução de Tática Naval, na direta dependência do Comandante Naval. Numa das reuniões que tinha com os Diretores de entidades similares das Marinhas NATO, foi-nos apresentado o projeto de um “estágio para Comandantes”, com a duração de 3 semanas. Achei a ideia interessante, e elaborei o projeto de um “estágio para Comandantes e Imediatos”, adaptado às nossas realidades e com a duração de 2 semanas. Fiz um contacto informal com a área do pessoal; acharam a ideia inviável, por falta de Oficiais disponíveis para o frequentar. Poucas semanas depois deste meu revés, assume o Alm. Vieira Matias as funções de Comandante Naval. Na primeira reunião que tivemos referiu-me que como Comandante de navio tinha sentido a necessidade de um estágio prévio, e disse-me para estudar essa questão. Referi-lhe que o assunto estava estudado e levei-lhe o programa do estágio, que mereceu uma rápida aprovação. E dois meses depois, aquilo que não era exequível … estava a começar, com a presença do Comandante Naval na sessão de abertura.

            Em fins de 1996 fui nomeado para as funções de Chefe do Estado-Maior do Comando Naval, e nesse cargo trabalhei em contacto direto com o Alm. Vieira Matias. Guardo excelentes recordações do seu estilo de liderança. Frontal, dizia claramente o que queria; simultaneamente, era acessível e aberto a outros pontos de vista e deixava o seu Estado-Maior trabalhar à vontade. Estive com ele pouco tempo no Comando Naval, apenas uns seis meses, pois em abril de 1997 foi designado para o desempenho das funções de Chefe do Estado-Maior da Armada.

            O Alm. Vieira Matias foi Comandante da Marinha durante cinco anos, até meados de 2002. Foi um período difícil, trabalhou com quatro ou cinco Ministros da Defesa, com diferentes personalidades, e sempre com significativas dificuldades financeiras. Não foi fácil manter à tona de água os programas de construção dos novos patrulhas oceânicos, e especialmente, o programa de renovação da capacidade submarina, torpedeado de diversos quadrantes. Contudo, ambos os programas se mantiveram, tendo os contratos de construção sido assinados posteriormente, já com outro CEMA.

            Permitam-me recordar um episódio em particular: a operação CROCODILO. Em 7 de junho de 1998, desencadeia-se uma crise político-militar na Guiné-Bissau, tendo os revoltosos ocupado o aeroporto. O Alm. Vieira Matias sugere então aos “decisores políticos” o envio a Bissau de uma força naval para recolher as centenas de portugueses que lá se encontravam, mas nenhuma decisão é tomada. Entretanto decorrem as cerimónias do 10 de junho que naquele ano incluíam uma parada naval comemorativa dos 500 anos da chegada de Vasco da Gama a Calecute, em que participavam unidades navais de Marinhas amigas. Com o tempo a passar e a situação na Guiné a agravar-se, a Marinha toma a decisão de mandar sair uma força naval para “exercícios”. E assim no dia seguinte ao da parada naval, largaram quatro navios, a fragata VASCO DA GAMA com dois Lynx, duas corvetas e o reabastecedor BÉRRIO, trazendo embarcados equipas de fuzileiros, mergulhadores, uma equipa médico-cirúrgica e um estado-maior operacional. No dia 13 de junho, os “decisores políticos” reconsideraram e aproveitaram esta força naval, então já a sul da Madeira, que seguiu para a Guiné-Bissau, onde recuperou 1.237 refugiados, de 33 nacionalidades!  

            A carreira do Alm. Vieira Matias na Marinha foi muito diversificada, pois comandou um Destacamento de Fuzileiros Especiais em combate e uma fragata em exercícios internacionais, foi Capitão de Porto e Oficial de estado-maior. Pelo seu conjunto de qualidades pessoais e profissionais, e pelo seu sempre elevado desempenho, granjeou muito prestígio. Era então uma referência para os Oficiais mais novos, no número dos quais me incluía.

            Em 3 de agosto de 2002, o Alm. Vieira Matias termina o seu mandato como CEMA e passou à situação de reserva. Iniciou então uma nova carreira, agora na vida civil, na Universidade, na Cultura e como “doutrinador de uma nova maritimidade para Portugal”.

            Integrou então o European Security Research Board, da União Europeia, e foi membro ativo da Comissão Estratégica dos Oceanos, onde representou o Ministério da Defesa.

            Em 2003 participou no Congresso da Figueira da Foz da Associação dos Oficiais da Reserva Naval (AORN), onde foi decidido divulgar a importância estratégica do mar para Portugal. Integrou com o Prof. Doutor Ernâni Lopes e membros da AORN, um gabinete, que chefiou, e que promoveu ao longo de alguns anos conferências sobre a importância do mar em diversas cidades. Participou com Ernâni Lopes nos trabalhos que originaram a obra “O Hypercluster do Mar”, que esteve na origem do “Forum Oceano”.

            Desde outubro de 2004 colaborou com o IEP – Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica onde lecionou cadeiras e proferiu conferências. De assinalar a direção científica, em colaboração com o Prof. Doutor Adriano Moreira, de quatro edições do “Programa Avançado em Estudos do Mar”. Lecionou também, na Universidade Católica de Moçambique.

            Foi Presidente da Academia de Marinha de 2009 a 2016, Vice-Presidente da Sociedade de Geografia, Presidente do Conselho Supremo da Liga dos Combatentes, Vogal do Conselho das Ordens Honorificas, membro do Conselho Nacional de Educação, Presidente da Liga dos Amigos do Jardim Botânico e Administrador da EDISOFT. O Alm. Vieira Matias foi membro das Academias das Ciências e da História, sócio honorário da AORN, Confrade Honorário da Confraria Marítima e da Cofradia Europea de la Vela, membro do Conselho de Honra do ISCSP e Curador da Fundação Oceano Azul. Foi Presidente Emérito do Conselho Supremo da Sociedade Histórica da Independência de Portugal.

            Em síntese:

              Foi um chefe de família exemplar; com sua mulher, a Senhora Dona Maria Francisca, tiveram dois filhos e três netos.

            Foi um Homem de valores, de princípios e de causas.

            Foi um Homem de Cultura, um Académico.

            Foi um líder, um chefe, um Comandante.

            Foi um marinheiro, um fuzileiro, um militar e um combatente.

            O Almirante Nuno Gonçalo Vieira Matias foi um verdadeiro Patriota, foi um Grande Português!

 

Alexandre da Fonseca

 

(12257)

 

           

 

           

 

 

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Revista de Marinha

Órgão de comunicação essencial ao enriquecimento do leitor, e ao conhecimento das atividades relacionadas com o Portugal Marítimo, a Revista de Marinha, que desde há muitos anos leio com bastante entusiamo, tem contribuído ao longo dos mesmos para me enriquecer enquanto cidadão.

Num país onde grande parte da atividade económica se desenvolve aa partir do mar, aproveitando o potencial das estruturas portuárias, a Revista de Marinha relata-nos a história de navios, de pessoas e acontecimentos que enriquecem um povo.

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                                                                                                                                       (jan 2019)

Falta de Clareza para com os Eleitores


 

sábado, 12 de setembro de 2020

Navios da OM

 

Das Américas á Asia, da Europa á África, há cerca de 40 anos, quatro navios da organização missionária Operação Mobilização, tem vindo a percorrer os mares do mundo, visitando 140 países, mais de 1100 portos visitados, com uma mensagem solidária de fé e esperança, que chegou a cerca de trinta e cinco milhões de pessoas, e que tem envolvido mais de quinhentos voluntários abordo dos navios, um dos quais um navio dinamarquês, construído em 1949, com o nome de Umanak, e rebaptizado com o nome grego Logos que significa palavra.

Este navio partiu de Londres em 1971, e navegou para África, a partir da Europa, seguindo posteriormente para a India e o leste asiático, tendo recebido permissão após a saída das tropas americanas do Vietname, para viajar através do rio Mekong, para Saigão, estadia após a qual regressou à Europa onde visitou Portugal uma primeira vez, de 15 a 29 de Dezembro de 1976, e uma segunda vez, de 10 de Maio, a 19 de Junho de 1984, tendo sido visitadas as cidades de Lisboa e Porto.

No rescaldo da guerra do Vietname, o navio Logos navegava nos mares do sul da China, e da ponte foram avistadas duas embarcações com refugiados que estavam á deriva. Pese embora a lotação reduzida do Logos, o comandante do navio cumpriu uma das mais nobres missões salvando noventa e três náufragos que terão sido acolhidos pelas autoridades Tailandesas.

Após 17 anos de actividade que juntou o intercâmbio cultural, a solidariedade, a venda de livros e acontecimentos tais como conferências abordo, depois de ter percorrido 230.330 milhas náuticas, ter recebido abordo seis milhões quinhentos e sessenta mil visitantes em 108 países e 255 portos visitados, na noite de 4 para 5 de Janeiro de 1988, às 23:55 minutos locais, quando navegava por Tierras del Fuego, no Estreito de Magalhães, o navio rasga o casco ao bater nas rochas submersas da região, tendo encalhado nas águas costeiras do Chile.

Dado o alarme e accionados os meios de socorro, a marinha chilena e argentina que procediam a exercícios navais na zona, socorreram a tripulação do navio, a qual era composta por 141 pessoas, entre homens mulheres e crianças, sendo que pelas 04:30 daquela madrugada, já toda a tripulação do navio esta a salvo.

Para dar seguimento às várias actividades solidárias, culturais, venda de livros e conferências abordo, nesse mesmo ano foi adquirido o antigo navio António Lázaro, construído em Valência (Espanha) em 1968, começou a ser restaurado em Amsterdão, para substituir o navio naufragado a sul da Argentina.

O Logos ll completou em Julho de 2008, 20 anos ao serviço da Operação Mobilização, tendo recebido cerca de 11 milhões de visitas, visitado 350 portos em cerca de 86 países, percorrendo um total 194.710 milhas náuticas. Da Jamaica ás Baamas, da Holanda ás ilhas Faroé, do Monte Negro à Libya, do Ghana ao Chile e da Costa Rica a Portugal, foram estes e muitos outros países que receberam a visita deste navio, servido por muitos homens e mulheres voluntários de muitas nacionalidades que incluíram Portugal, e que por um período de tempo, propicia enriquecimento pessoal através do envolvimento nas actividades do navio, que incluía ajuda a populações carenciadas.

Em 1914 era construído nos Estados Unidos o cargueiro Medina, que participou na l Guerra Mundial, fazendo o transporte de mantimentos para as tropas, sendo adquirido em 1948 por uma companhia com sede no Panamá que o transformou no cruzeiro Roma, mudando novamente de mãos em 1952 para a companhia Costa Cruzeiros que lhe atribuiu o nome de Franca C e finamente, em 1977 adquirido pela Operação Mobilização que o transformou na maior livraria flutuante do mundo, tendo sido rebaptizado com o nome de Doulos, nome grego que significa servo, tendo visitado Lisboa uma primeira vez entre 13 de Julho e 2 de Agosto de 1978.

Atracado na Gare Marítima de Alcântara, tendo recebido abordo entidades oficiais, e algumas dezenas de voluntários das comunidades evangélicas locais que partilhámos um espaço acolhedor de intercâmbio cultural e que marcaram pela positiva, todos aqueles que estivemos abordo, que após a partida do navio começámos a receber regularmente as notícias dos navios da OM, que passados sete anos, incluíam novamente uma visita a Portugal, o que seria nova oportunidade de estar abordo.

Vindo da Inglaterra, em 1985, o MV Doulos iniciava nova visita a Portugal, começando no Porto de Leixões, e tendo a minha vida sido profundamente marcada pela primeira visita do navio, ao ter conhecimento da sua segunda vinda, parti á boleia a partir das antigas portagens de Sacavém para ir ter com o navio ao Porto, atravessando a ponte de Leça, debaixo de uma chuva intensa, para integrar mais uma vez a equipe de voluntários.   

Nesta sua segunda visita a Portugal, o navio escalou Porto, Lisboa e Setúbal, tendo a abertura ao público sido presidida por destacadas entidades oficiais tais como: o Sr. Governador Civil do Distrito do Porto, Dr. Cal Brandão e o Dr. Alçada Batista, representante da edilidade de Lisboa, seguindo-se uma intensa actividade que culminou com a chamada Noite Internacional que teve lugar no Palácio Galveias da capital. 

O navio esteve depois um período de doca seca nos estaleiros da Margueira, mas a sua tripulação foi recebida em várias comunidades evangélicas espalhadas pelo país, onde puderam interagir com as mesmas, tornando a sua passagem por Portugal num acontecimento único que marcou as suas vidas, seguindo depois para Setúbal para a terceira escala que no conjunto dos três portos somou 118.796 visitas.

A alguns daqueles que estivemos abordo no navio Doulos em Portugal, foi-nos dada a oportunidade de integrarmos a tripulação do mesmo por algum tempo, zarpando no dia 24 de Junho de 1985, rumo aos vários portos de Espanha, a partir de Cádis, numa experiência única abordo de um navio que nos anos 90 entrou para o Guines Book of Records, como o navio de passageiros mais antigo do mundo ainda a navegar.

Após ter visitado 601 portos em 108 países e percorridos 360.000 milhas náuticas, o equivalente a 16 voltas ao mundo, o navio cuja dimensão era 130:5, mas transportava nos seus porões 350 toneladas de livros e faziam parte da sua tripulação 300 pessoas, oriundas de 35 nacionalidades diferentes dos cinco continentes, em 2010, o Doulos completava 95 anos e terminava a sua missão, sendo convertido como Museu em Singapura e posteriormente em Hotel na Indonésia.  

Construído em 1973 como ferry, como o nome inicial de Gustav Vasa, este navio foi adquirido em 1983 pela companhia Smyril Line, foi rebaptizado com o nome Norrona, tendo navegado entre as Ilhas Faroé e a Dinamarca.

Com a necessidade de substituir o Navio Logos ll, a GBA-Good Books For Alls, adquiriu o Norrona em 2004, que foi preparado para dar continuidade ao trabalho dos anteriores navios Logos, Logos ll, e Doulos, sendo-lhe atribuído o nome Logos Hope (Esperança), tendo-se procedido á transferência dos tripulantes do Logos ll, (antigo António Lázaro) para este navio que acomoda cerca de 60 nacionalidades, compostas por cerca de 400 tripulantes abordo.

Depois de ter percorrido 120.319 milhas náuticas, ter visitado 74 países e territórios num total de 181 portos, de 26 de Fevereiro a 17 de Março, o navio Logos Hope faz a sua penúltima escala na Jamaica, antes de zarpar rumo á Europa, visitando vários países Europeus, fechando o ano de 2020 com uma escala em Cardiff, no Reino Unido de 22 de Dezembro a 12 de Janeiro de 2021, antecipando a sua primeira visita a Portugal nos primeiros meses de 2021.

O navio Logos Hope vai brindar Portugal com uma escala ao Porto e Lisboa, com a abertura ao público da sua vasta exposição de livros, com conferências abordo, com programas direccionados para as comunidades locais, uma troca de experiências multiculturais, num navio multifacetado, que além da sua livraria, oferece também ajuda prática, que vai desde a distribuição de livros e até doações diversas que incluem orfanatos, escolas, prisões, ajuda médica a pessoas da terceira idade, entre outras, e que marcará Portugal como mais uma visita histórica

 

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Decepção com a politica


 A politica é uma causa nobre, mas deixa de o ser a partir do momento em que abdicamos dos nossos valores, e nos deixamos guiar por interesses que colidem com esses valores. Foi uma experiência rica, mas não abdica de princípios para dar visibilidade a seres humanos que na prática pouco se importam com o que se passa á sua volta. 

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Depois de a 7 de Maio ter feito escala em Ningbo, a 9 de Maio ter passado em Xangai, a 12 de Maio ter feito escala em Yantian e a 16 de Maio ter feito escala em Tanjung-Pelepas-Malásia, o Madison Maersk viaja para a Europa, passando por Algeciras, rumo a Sines, onde a sua chegada está prevista para o dia 5 de Junho, pelas 03:00 da manhã.
Este é mais um navio porta contentores da classe triple E, Economia, Eficiência e Ecologia, construído em 2014, tem registo em Copenhaga, um calado de 16,3,uma boca de 59 M e um comprimento de 399,2, com uma capacidade de transportar 18540 Teus, num serviço que liga o Alentejo ao mundo   

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Testemunho de Vida

Testemunho de Vida
A 12 de Maio de 1983, na localidade de Cete, a cerca de 25 quilómetros para cima da cidade do Porto, cerca das 9 horas da manhã, ao atravessar uma estrada com pouca visibilidade, surgia um carro a circular a alta velocidade, e cujo embate no meu corpo com demasiada violência, tendo-me projectado pelo ar cerca de três metros, indo parar debaixo de um camião que circulava em sentido contrário, tendo eu rebolado cerca de quatro metros debaixo do mesmo, ficando ao meio do rodado de trás.
A violência do embate foi tanta que a viatura ligeira ficou atravessada em frente do camião, tendo ficado demasiado danificada, sendo um milagre eu não ter ficado esmagado entre os dois, ou debaixo das rodas do camião. Consciente do que me tinha acontecido, olhando estado em que estavam as minhas pernas, consegui arrastar-me para a berma da estrada, enquanto aguardava a chegada da ambulância, que tardava o socorro devido à passagem do comboio.
Após a chegada desta, com o devido cuidado, fui colocado dentro da mesma, tendo-se iniciado uma viagem que parecia interminável quando por fim chegávamos ao hospital de São João do Porto, onde o meu internamento durou cerca de dois meses, com várias intervenções cirúrgicas.
A notícia do grave acidente depressa chegou ao conhecimento de algumas pessoas de família e de amigos que em gestos solidários, encetaram viagem de algumas centenas de quilómetros para me poderem demonstrar a sua preocupação, amizade e dedicação em momentos menos bons.
O meu internamento naquele hospital do norte do país, teve a duração de aproximadamente dois meses, tendo posteriormente sido transferido para um hospital da capital, como forma de descartar responsabilidades, num tratamento necessário, mas que vinha sendo adiado sucessivamente.
Tendo sido recusado o meu internamento na unidade hospitalar para onde fui encaminhado, durante oito dias percorri outras na tentativa de poder vir a ser tratado conforme a exigência das circunstâncias, mas sem sucesso, numa odisseia que só teve um desfecho positivo passados esses oito dias, após a intervenção do órgão de informação Diário Popular, que tendo noticiado o caso, fez com que o responsável da pasta da saúde na altura, interviesse, ordenando o meu internamento, tendo eu ficado conhecido junto da equipa médica, como o amigo do electricista. O electricista, era um alto responsável da EDP, que tinha sido nomeado para Ministro da Saúde) Maldondado Gonelha. A preocupação, a amizade e a dedicação da professora de ensino especial na minha adolescência, foi determinante no contacto com a comunicação social, para o desfecho, cujo tratamento tardio, estaria prestes a culminar na amputação de uma perna.
Com muita persistência e ajuda de pessoas que me queria bem, recuperei e ainda que com bastante dificuldade, consegui arranjar trabalho, fiz parte de um coral evangélico, colaborei como voluntario e tripulante de um navio, fui doador da Assistência Médica Internacional, fui voluntário na Exposição Mundial do Oceanos, Expo 98, tendo ainda colaborado durante 12 anos como voluntario num evento para crianças e adolescentes na Alemanha, numa sequência de acontecimentos que foram importantes como crescimento pessoal, e em que pude perceber que acções de solidariedade ou voluntariado em que estive envolvido, foram como que uma forma de retribuir, o que em circunstâncias diferentes outros fizeram por mim e cujas atitudes, fazem-me sentir um ser humano eternamente grato.
Américo Lourenço
Agueda Sousa, Violeta Sousa e 36 outras pessoas
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Opinião no Jornal Setúbal Mais