quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Despesismo e Endividamento

Portugal é um país endividado, mas é ao mesmo tempo um país cujos governantes teimam em não controlar a despesa, e gasta milhões em estudos, quando a viabilidade e rentabilidade de determinados projetos, poderão tornar os mesmos, num investimento fracassado. O projeto do TGV é o espelho do despesismo que norteia os nossos governantes porque o mesmo implica:

1-O desenho de um novo traçado
2-Expropriação de terrenos
3-Construção de uma linha adaptada
4-Aquisição de material circulante
5-Manutenção do material circulante e da própria via

É sabido e sentido no bolso dos portugueses que estes não tem capacidade económica para usufruir deste meio de transporte.
A pergunta que a sociedade deve fazer é: Porque é que os senhores governantes insistem no endividamento do país e das futuras gerações, quando a despesa, poderá ser inferior á receita e a dimensão do país não justifica a implementação deste projeto? Ou será que o mesmo é para favorecer interesses privados?

sábado, 23 de julho de 2022


Proveniente de King Abdullah City, com escala no Porto de Sines, entre os dias 20 e 22 de Julho, o MSC Isabella, é mais um navio que navega sob bandeira do Panamá, com desembarque, embarque e transito em Sines. Um navio de longo curso, com um comprimento de 383 metros, 16,5 metros de calado, 61 metros de boca e um porte bruto de 224999, transporta 24 tripulantes e 23656 Teus

terça-feira, 19 de julho de 2022

Gentileza do Sr. Diretor do Semanário Tal & Qual. Dr. Jorge Morais

 [Intervenção de Jorge Morais – Maio de 2022] 

 Minhas Senhoras e meus Senhores, É com muito prazer que me associo à apresentação pública do livro Solidariedade na Montanha, da autoria de Américo Lourenço. Tenho tido, como director do semanário Tal&Qual, tanto neste mandato como em dois outros períodos em que ocupei o mesmo cargo, nos anos 90 e no início deste século, oportunidade de participar em apresentações de várias obras em livro – umas de índole ensaística, outras de cunho historiográfico, outras ficcionais, outras ainda biográficas; mas nenhuma com as características únicas e inconfundíveis desta Solidariedade na Montanha. Só tenho pena de não poder estar presente em carne e osso, por impossibilidade de conciliação de agendas, mas considerem-me presente em espírito através deste modesto texto de apresentação. Devo declarar desde já que tentei ler (ou melhor, interpretar) este livro nas suas entrelinhas, no âmago por detrás da narrativa romanesca. Esta só parcialmente me interessou – pelo seu valor eminentemente humano de experiência pessoal e pelas lições que contém. Não vou, por isso, ocupar-me do “enredo” no sentido estrito da palavra, mas sim da mensagem que esse “enredo” transporta – e que é, para mim, o mais importante do trabalho de Américo Lourenço. A escrita de Américo Lourenço é indissociável da vida de Américo Lourenço. O que ele viveu, o que ele sofreu e viu sofrer são a matéria-prima que revive ao escrever. Sem ser uma escrita da Sofrologia, isto é, sem ser uma escrita dolorosa que se sustenta da narrativa do sofrimento, o texto de Américo Lourenço convida-nos antes a reflectir sobre a condição de quem sofre, mas sempre numa perspectiva de libertação. Quem sofre tem sempre, na prosa de Américo Lourenço, a possibilidade de deixar de sofrer. Há nele como que um optimismo intrínseco, uma leitura positiva da vida, muito bem sintetizada na palavra “Superação”, que ele tanto gosta de usar. Tal como nas Obras de Misericórdia, que estão divididas entre Obras Materiais e Obras Espirituais, assim também Américo Lourenço nos apresenta o sofrimento sob as suas duas formas: o material e o espiritual. E se para o sofrimento espiritual só o próprio Ser Humano pode encontrar, dentro de si, o caminho da libertação, já para o sofrimento material o Autor sugere o caminho de Santo Agostinho, que é aquele em que o pensamento e a acção se encontram. A fome, a doença, a dor, a carência, são-nos apresentadas como etapas de superação, de sublimação, e são sempre analisadas no terreno social. Há nos escritos de Américo Lourenço uma aguda consciência social, que eu creio ser anterior à sua profunda descoberta religiosa. Antes mesmo de ter encontrado um caminho interior que explica e ilumina a vida material, já Américo Lourenço tinha amadurecido uma opção social; e essa opção social vem claramente inspirada pelo conceito aristotélico de Justiça. Também na visão de Aristóteles existia no ser humano um pendor, uma tendência, uma disposição inata para fazer o que é justo, para agir de forma justa e para aspirar ao que é justo. A justiça é, na visão aristotélica, uma virtude ética. Contudo, essa virtude ética de pouco serviria ao Ser Humano se não gerasse, ela própria, algo de concreto, de palpável, algo útil ao ser social e à sociedade. É esta concretização que domina os escritos de Américo Lourenço: a par da compaixão, ele aponta o caminho do melhoramento social através da palavra feita acção, isto é, através do empenhamento cívico. E da Caridade, entendida no seu étimo latino Caritas, que é simplesmente amor. Há algo de extremamente belo e tocante na mensagem de Américo Lourenço. Como escreveu o recenseador de um dos seus livros anteriores, ele revela-se “sempre desejoso de aprender mais e ajudar os outros. Podia ser um revoltado, um delinquente, um sem-abrigo, mais uma vítima caída na berma lamacenta da estrada da vida, como tantos outros nascidos em melhores condições. Graças a Deus assim não aconteceu, e por isso merece ser lido, conhecido e admirado”. Não há, neste livro que hoje se apresenta, uma preocupação excessiva com a minúcia literária ou com a estilística: a principal preocupação do Autor é a mensagem que deseja transmitir, e não o apuramento formalista. Deste ponto de vista, pode-se afirmar que Américo Lourenço vai ao cerne das questões que aborda, muitas vezes com uma sinceridade, uma franqueza e uma certeza notáveis. Há nos seus escritos como que uma dimensão moralizadora, à maneira dos profetas da Diáspora anterior a Cristo, que deambulavam pelo Próximo Oriente com o seu aviso, o seu alerta, o seu chamamento à verdade e à pureza. Na sua prosa não falta o escândalo perante a injustiça, a desigualdade, a ofensa aos princípios da dignidade humana. Encontrei dois exemplos numa carta que ele escreveu no Tal&Qual em Novembro de 2002, há quase vinte anos, referindose a dois escândalos que ofendem. Num, escrevia Américo Lourenço, a propósito de uma chaga que continua aberta na sociedade: “O Big Brother, as novelas e o futebol imperam, como se não existissem assuntos com interesse mais relevante”; noutro, escrevia ele: “Continua a haver dinheiro para megalomanias, mas também continuamos a ter crianças com fome e sem um tecto condigno para dormir”. Há na prosa de compaixão de Américo Lourenço a luta do pequeno contra a iniquidade do grande, David perante Golias; não no sentido da revolta social politizada, ideológica, mas sim no sentido de uma luta universal, intemporal e bíblica pelo melhoramento, algo sempre muito presente quando aborda os temas dos cuidados de saúde ou da dignidade da habitação, por exemplo. A esta compaixão activa, a esta compaixão feita acção, chama o homem contemporâneo Solidariedade. Neste livro que hoje se apresenta, mais concretamente, não posso deixar de salientar a presença constante dos valores do esforço, do trabalho, do empenhamento, da persistência, da fé e da esperança, alimentos essenciais num caminho de entrega. É, assim, como um cântico de esperança e de alegria que eu interpreto o livro, este novo livro de Américo Lourenço. E por ele, em nome de todos nós, lhe agradeço do coração. 

Jorge Morais

segunda-feira, 13 de junho de 2022